Sobre os impostos imobiliários: conheça o essencial do Orçamento do Estado em 10 ideias-chave

Sobre os impostos imobiliários: conheça o essencial do Orçamento do Estado em 10 ideias-chave
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Não acompanhou esta quinta-feira a apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2025? Preparámos um resumo das ideias-chave do documento entregue pelo Governo à Assembleia da República. Aqui estão 10 pontos a serem lembrados sobre a proposta que enquadra as contas públicas do próximo ano e que será agora debatido no Parlamento.

1. Níveis do IRS atualizados acima da inflação, IRS Young renovado

A proposta de Orçamento para o próximo ano mostra que o Executivo presidido por Luís Montenegro atualizará os escalões do IRS em 4,6% – acima do valor esperado de inflação de 2,3% – mantendo inalteradas as taxas gerais. O escalão mais baixo sobe dos atuais 7.703 euros de matéria coletável para 8.059 euros e o máximo dos atuais 80 mil euros para 83.696 euros. Isso significa que quem tiver reajuste salarial de até 4,6% não correrá o risco de ser promovido e sujeito a uma alíquota maior de imposto de renda.

O chamado salário mínimo também é atualizado para isentar quem ganha o salário mínimo do pagamento do Imposto de Renda, que passará de R$ 820 para R$ 870. O valor do auxílio alimentação isento desse imposto também será aumentado, segundo acordado com os parceiros sociais na semana passada, em 10,2 reais por dia (13 reais adicionais no final do mês).

Mas são os jovens até aos 35 anos que mais beneficiam com as alterações a este imposto presentes neste Orçamento. O renovado IRS Jovem deixa de exigir diploma, passará de cinco para dez anos (com limite até 35 anos) e aumenta o benefício fiscal. Esta é a nova versão:

  • Isenção de 100% no primeiro ano com limite de 55 IAS (Índice de Apoios Sociais), ou seja, 28.010 euros, igual para todos os anos subsequentes. Quem ganha 30 mil euros, por exemplo, pagará impostos sobre o restante, que neste caso é de 1.990 euros;
  • Isenção de 75% entre o segundo e o quinto ano;
  • Isenção de 50% entre o sexto e o nono ano;
  • Isenção de 25% entre o décimo e o décimo terceiro ano;

O prazo de dez anos começa a correr a partir do momento em que o jovem entrega a declaração de Imposto de Renda sem ser dependente.

TIAGO MIRANDA

Orçamento do Estado

2. Crescimento económico acima da média da zona euro

O Governo reviu em baixa o crescimento da economia portuguesa para este ano, apontando para uma variação de 1,8%, valor ainda acima da média da zona euro, segundo as últimas projeções da Comissão Europeia. Já Para o próximo ano, as projeções constantes dos Orçamentos Gerais do Estado mostram uma aceleração do ritmo para 2,1%aproveitando as melhorias no consumo privado e no investimento, componente que em 2024 deverá ter preponderância praticamente nula.

Relativamente à inflação, o documento analisa apenas o índice harmonizado de preços no consumidor (HIPC) – que é utilizado para comparações europeias – e o valor continuará acima da meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE) no próximo ano. A taxa de desemprego deverá permanecer estável em 6,6% em 2024 e 6,5% em 2025.

Thiago Miranda

Orçamento do Estado

3. Habitação: isenção de IMT e redução do IVA da construção

Quanto à habitação, não há grandes novidades. Mas estas são as principais medidas incluídas no Orçamento:

  • O IVA na construção poderá ser reduzido para 6%, tal como já consta do programa ‘Construir Portugal’.
  • A isenção do Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) na aquisição de habitação própria e permanente aumentará 2,3%, em linha com a inflação, para 104.261 euros.
  • A medida de isenção de IMT para jovens também beneficia deste reforço, em ascensão de 316.772 para 324.058 euros.
  • Será mantido o descongelamento das rendas dos contratos anteriores a 1990 (descubra mais aqui);

4. Redução do CRI em 2025

Ao contrário da proposta inicial do governo, que pretendia uma redução do imposto sobre o rendimento das empresas portuguesas até 2027, as negociações com o Partido Socialista teriam levado a uma alteração do horizonte temporal. Conforme noticiado esta semana, o imposto será reduzido em um ponto percentual em 2025, mas sem compromissos para os anos posteriores. Assim, a taxa nominal aumentará de 21% para 20%, enquanto a taxa aplicada às pequenas e médias empresas aumentará de 17% para 16%.

5. Reforço dos gastos do Ministério da Saúde

Todos os ministérios terão mais verbas para gastar em 2025, segundo a proposta do Orçamento do Estado. O Ministério da Saúde agora tem previsão de gasto efetivo de R$ 16,8 bilhões, 9% a mais que em 2024mas é o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social quem assume a maior parte da despesa (26,5 mil milhões, um crescimento de 6%). A Economia ganha mais espaço para gastar (42%), assim como a Cultura (32%). O primeiro Ministério da Juventude e Modernização é o que tem o menor gasto previsto, da ordem de R$ 201 milhões em 2025.

6. Superávits mantidos, redução da dívida cumpre as regras de Bruxelas

O Governo prevê um excedente orçamental para este ano ligeiramente superior ao inicialmente previsto: 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), o que corresponde a uma margem de 1.100 milhões de euros. Até 2025, o excedente deverá ser ligeiramente inferior, de 0,3%.ou seja, 863 milhões de euros. O Governo garante que este equilíbrio lhe permitirá cumprir as exigências da Comissão Europeia, no quadro das novas regras orçamentais, de redução da dívida em pelo menos 1 ponto percentual por ano. De 97,9% em 2023, O Estado deverá reduzir a dívida para 95,9% este ano e, em 2025, para 93,3% do PIB.a uma taxa inferior à inicialmente prevista no Programa de Estabilidade de Abril.

7. PRR impulsiona investimento público

O Estado prepara-se para aumentar a despesa pública em investimentos, mas quase exclusivamente graças ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Investimento deverá crescer 3,5% em 2025, impulsionado pelos fundos europeus e pela queda das taxas de juro referência do Banco Central Europeu. Crescerá, no entanto, abaixo das previsões da Comissão Europeia (3,7%), do FMI (3,9%), da OCDE (4%); e muito menos do que o Banco de Portugal e o Conselho das Finanças Públicas prevêem para o próximo ano: 5,4% e 8,7%, respetivamente.

Em 2025, as despesas de investimento, medidas através do indicador de formação bruta de capital fixo, aumentarão 16,7%; enquanto as despesas de capital, que incluem investimento e transferências de capital (por exemplo, subsídios), aumentarão 21%. Contudo, se for descontado o impacto do PRR nesta última rubrica, o crescimento das despesas de capital, de 2024 a 2025, reduz-se para 0,8%.

8. Salários no Estado aumentam 1.600 milhões de euros, com poucas alterações nas pensões

As atualizações salariais, o descongelamento das carreiras e a concessão de complementos salariais vão significar, na Função Pública, uma despesa adicional de 1.568 milhões de euros – pelo menos, uma vez que ainda estão a ser negociados aumentos salariais dos funcionários do Estado em 2025, com uma proposta mínima de 2%. As pensões devem subir entre 2% e 3%, nos termos da lei, abrindo o Ministério das Finanças à possibilidade de conceder um novo complemento extraordinário caso haja lugar para tal. Relativamente ao Suplemento Extraordinário para Seniores, o aumento previsto para 2025 significará uma despesa adicional de 120 milhões de euros.

9. Combustíveis mais caros? É possível

O combustível ficará mais caro com o descongelamento progressivo do imposto sobre carbono. O Governo pretende arrecadar mais 525 milhões de euros em 2025 com esta atualização, com impacto no preço dos combustíveis fósseis. Termina também a isenção do Imposto sobre Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) para os biocombustíveis avançados (adicionais de 100 milhões de euros) e o fim do mecanismo de reembolso do gasóleo profissional (impacto positivo de 25 milhões de euros). No total, e beneficiando também do aumento do consumo, Prevê-se que as receitas adicionais dos ISP aumentem em 650 milhões de euros no próximo ano.. O Governo espera uma queda no preço do barril de Brent em 2025 para 76 dólares (de acordo com o FMI), mas a guerra no Médio Oriente pode tornar estas previsões letra morta.

10. E o que vem a seguir?

As próximas etapas do processo orçamentário já têm datas definidas. Na quarta-feira, dia 30 de outubro, inicia-se o debate geral do Orçamento do Estado, no qual será discutido o projeto de lei orçamental no seu conjunto. No dia 31, além da continuação do debate, os partidos votam o documento, cuja aprovação ainda não está garantida.. Se aprovado, o processo orçamental avança para a especialidade, quando os partidos apresentam as suas propostas de alteração de artigos específicos da lei. De 22 a 29 de novembro – com recesso para a sessão solene de 25 de novembro – os deputados da Comissão de Orçamento, Finanças e Administrações Públicas votarão cada um dos artigos da lei e as propostas de alteração dos partidos. Isto também não garante a integridade da proposta original do Governo face à possibilidade de alterações por parte da oposição.

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