“É um regresso à televisão a preto e branco”: Ex-ministro de Durão Barroso aconselha Governo a repensar a retirada da publicidade da RTP

“É um regresso à televisão a preto e branco”: Ex-ministro de Durão Barroso aconselha Governo a repensar a retirada da publicidade da RTP
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Nuno Morais Sarmento, que supervisionou a televisão pública durante o governo de Durão Barroso, considerou, no seu comentário semanal na CNN, esta terça-feira, que há aspectos “preocupantes” no plano apresentado pelo ministro Pedro Duarte para a comunicação social e, mais concretamente, para a RTP.

Embora destaque “uma mudança, uma tentativa de transformação”, o ex-ministro da Presidência salienta que a ambição foi equivocada: “Sou a favor de todas as mudanças, de todas as reformas, quando procuram adaptar-se aos novos tempos que se impõem. se aproximando. A iniciativa é corajosa, talvez demasiado ambiciosa, e levanta duas ou três questões que eu diria que são preocupantes.”

Nuno Morais Sarmento destaca, entre os planos do governo, a medida de eliminação da publicidade na RTP em três anos, ao ritmo de dois minutos por ano. “Esta opção é questionável”, disse ele. “Não sei se as coisas mudaram muito; Sei que há dez anos, nos estudos que acompanhei e até realizei sobre este tema, ficou claro que os telespectadores consideravam a publicidade um conteúdo essencial, do qual sentiriam falta se ela não existisse. Embora alguns reclamem, outros apreciam.”

Retirá-la significaria, portanto, nas palavras de Morais Sarmento, “regressar à televisão a preto e branco”, ou seja, “retirar a cor da televisão”. Além disso, o ex-governador considera que é um erro que a medida seja tomada sem contrapeso. “O que já não me parece questionável, porque é muito grave, na minha opinião, é a total ausência de compensação”, disse, aludindo à sua experiência no sector: “Quando, em 2002, tirámos dois minutos da RTP publicidade, passámos um ano e meio a negociar arduamente, com o próprio Francisco Pinto Balsemão [Grupo Impresa, de que o Expresso faz parte]Miguel País do Amaral [Media Capital]e, pela nossa parte, com a colaboração do Professor Azeredo Lopes [incluído à data no grupo de trabalho que estudava a o Serviço Público de Televisão](…) conseguimos, e não foi fácil, que os operadores privados assumissem um conjunto muito amplo de obrigações de serviço público, desde a linguagem gestual até aos programas para minorias…”

Nuno Morais Sarmento tem “certeza” de que este debate não se realizará e sustenta que é também uma discussão sobre o dinheiro que sai do bolso dos portugueses. “Não se pode gastar seis minutos de publicidade sem compensação”, frisou.

O comentador da CNN concluiu as suas considerações aconselhando a repensar a tutela. “Se este Governo tiver bom senso, deveria abrir um período de discussão e contribuições públicas sobre este pacote”, apela, para evitar um voto desfavorável e “acusações hostis”.

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