David Neeleman, antigo acionista da TAP, explica em entrevista escrita ao Expressar que foi ele quem propôs à Airbus a troca da frota de 12 aviões A350 pelos 53 aviões da família Neo, operação que lhe deu acesso a 226,75 milhões de dólares que utilizou para capitalizar a TAP e concluir a privatização. Na entrevista, a primeira que concede desde que deixou a empresa em outubro de 2020 e que agora é publicada na íntegra, explica como se tornou acionista da TAP e afirma que não teria feito a privatização em 2015 sem a existência de o acordo com a Airbus, essencial para mudar a estratégia e aproveitar a companhia aérea, que estava então “em falência iminente”.
“Não teríamos participado [na privatização]”, destaca. Em resposta às conclusões do relatório da Inspecção-Geral de Finanças (IGF), publicado em meados de Setembro, onde é acusado de ter capitalizado a TAP com garantias concedidas pela própria empresa à Airbus, afirma que Os 226,75 milhões de dólares dos chamados “Fundos Airbus” permaneciam nas mãos da companhia aérea quando saiu, e explica que não houve capitalização mínima imposta pelas especificações de privatização realizadas durante o governo de Pedro Passos Coelho.
O empresário afirma que recebia 100 mil euros por ano, como todos os administradores não executivos. Critica duramente o Governo de António Costa, a quem acusa de não ter cumprido o acordo assinado em 2017, na reversão da privatização, o que o surpreendeu. Afirma ainda que não cometeu nenhuma ilegalidade e nem teme ser perseguido.