O antigo conselheiro de saúde do Presidente da República Mário Pinto negou ter-se reunido com o ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales para discutir o caso dos gémeos luso-brasileiros.
Mário Pinto, que compareceu pouco mais de uma hora na comissão parlamentar de inquérito ao caso dos gémeos tratados com um dos medicamentos mais caros do mundo, foi questionado pelo PSD sobre o envolvimento de Lacerda Sales, sugerindo que os dois Eles se reuniram em 6 de novembro de 2019 para discutir o caso.
“Eu nego completamente. Ele sabe que não conversamos sobre isso, porque eu não sabia, não sabia.” [o caso]. “Temos uma relação estreita e não foi correcto ter dito isso”, disse, defendendo que Lacerda Sales “não disse a verdade nesta matéria”.
Questionado pelo PS, disse não se lembrar qual o tema abordado naquela reunião e, mais tarde, em resposta ao CDS-PP, indicou que poderá ter vivido os problemas vividos nas urgências naquela altura.
“É evidente que não se tratava dos gémeos”, sublinhou, indicando que só soube quando foi noticiado pela comunicação social e que também nunca falou sobre o assunto com Marcelo Rebelo de Sousa ou com o seu filho.
Mário Pinto, que era consultor da Presidência da República na altura dos acontecimentos, em 2019, disse que Lacerda Sales o avisou sobre o que iria fazer e que, em resposta, pediu-lhe que “dissesse a verdade”.
Questionado pelo coordenador do PSD, António Rodrigues, sobre as motivações de Lacerda Sales, o ex-consultor transmitiu isso ao ex-governador e disse não saber “qual era a sua ideia quando falou sobre isso”.
Mário Pinto disse que lhe telefonou para questioná-lo sobre o assunto, mas “ele não respondeu”.
Numa breve intervenção inicial, o antigo consultor garantiu não ter “nada a ver com a questão” do tratamento das crianças luso-brasileiras, que nunca lhe pediu nada nem conheceu os interlocutores, com exceção de Lacerda Sales.
Sobre as suas funções no Palácio de Belém, Mário Pinto indicou que “estava em contacto com a área da saúde do Governo” e que se reunia “de dois em dois meses” com António Lacerda Sales para discutir “estratégias de saúde” e não processos individuais.
Mário Pinto admitiu também ter marcado encontro com um funcionário do Palácio de Belém.
O antigo consultor considerou que a Presidência da República é “um local com muitos segredos”, o que considerou “normal”, uma vez que “o que lá se fez não pode ser revelado”.
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