“Minha avó aceitou o monopólio das tarefas domésticas, minha mãe já reclamava. Nossa geração precisa se libertar e dizer ‘Não’”.

Estudou Direito na Universidade de Lisboa e iniciou a sua carreira como advogada num dos maiores escritórios de advogados do país. Passou os primeiros anos lendo, escrevendo, preparando perguntas e argumentos para outros advogados, sem nunca “abrir a boca no tribunal”.

A primeira vez que usou a toga foi para defender alguns amigos que estavam sendo processados. “Eles entraram em pânico e eu fiquei exultante. Foi um processo pequeno, mas tomei isso como minha estreia. Foi a primeira grande oportunidade”, lembra.

Seus amigos nunca souberam que aquela era sua primeira prova e, de fato, ele se saiu bem. “Ganhamos a causa, saímos felizes do tribunal e fomos tomar uma cerveja”, diz.

Não esquece o primeiro julgamento, mas foi o segundo que lhe valeu o Prémio Nelson Mandela em 2022. Enfrentou André Ventura em tribunal para defender a família Coxi, do Bairro da Jamaica, a quem o líder do Chega chamou de “criminosos”.

“É um processo do qual tenho imenso orgulho. Não travei o crescimento do Chega, nem quis! Queria apenas traçar uma linha vermelha na liberdade de expressão de alguns atores políticos”, admite.

A paridade, a parentalidade, o papel das mulheres, a justiça e como a defesa e as decisões judiciais podem ser “bons sinais de progresso” para a sociedade. Jurista, advogada, ambientalista e feminista, Leonor Caldeira é convidada de Júlia Palha no novo episódio da Geração 90