Os restos mortais do escritor Eça de Queiroz serão trasladados para o Panteão Nacional no dia 08 de janeiro, decisão tomada após a resolução do litígio, informou hoje à Lusa fonte oficial do Parlamento. Em janeiro de 2021, a Assembleia da República aprovou por unanimidade um projeto de resolução do PS para “conceder as honras do Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem à sua obra literária única e decisiva na história do Português”. literatura”.
Porém, mais tarde, um grupo de bisnetos de Eça de Queiroz começou a apresentar uma medida cautelar para impedir a transferência dos restos mortais do escritor para o Panteão Nacional. Este grupo de herdeiros acabou por levar este caso ao Supremo Tribunal Administrativo.
Dos 22 bisnetos do escritor, 13 aceitaram a transferência para o Panteão Nacional, com três abstenções. A Fundação Eça de Queiroz também manifestou o seu apoio à transferência.
Em 25 de janeiro deste ano, o Supremo Tribunal Administrativo (STA) rejeitou o recurso dos seis bisnetos do escritor Eça de Queiroz, que contestaram a sua transferência para o Panteão Nacional, permitindo que a homenagem apoiada pela maioria dos seus descendentes fosse se concretize.
Nesta decisão, o grupo de juízes do STA contestou a alegação de que uma alegada vontade anteriormente manifestada pelos netos do escritor, em 1989, poderia ser considerada contrária à transferência.
“(…) Tal direito, tratando-se de herdeiros ou parentes, corresponde exclusivamente aos que estejam vivos à data do nascimento (…) e o seu exercício traduz-se na manifestação de testamento atual, e não no representação de vontade previamente manifestada”, afirma o governante.
Eça de Queiroz
Dr.R.
Para os conselheiros do STA, “seria sempre impensável que uma posição adoptada, num determinado momento e num determinado contexto, pelos descendentes cíclicos da época, pudesse ter o efeito de comprometer, para todo o sempre, a possibilidade do futuro , e talvez distantes, iniciativas de homenagem”.
O júri questionou ainda o argumento dos demandantes de que a autorização do imposto depende de uma vontade unânime e não apenas da maioria. Ele também rejeitou o argumento de que os restos mortais são “uma herança” do escritor.
O coletivo do STA defendeu que existe “a existência de uma maioria de pessoas legítimas” para tomar a decisão sobre a trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz.
Eça de Queiroz faleceu em 16 de agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa. Em Setembro de 1989, os seus restos mortais foram transportados do cemitério do Alto de São João, na capital, para um túmulo familiar, no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.
Panteão Nacional
ANTÓNIO COTRIM/LUSA
A resolução aprovada em 2021 responde a um desafio lançado pela Fundação Eça de Queiroz, nos termos da lei que define e regula as honras do Panteão Nacional, pretendendo “homenagear e perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram através de os serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, de altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em favor da dignidade da a pessoa humana e causa da liberdade”.
Eça de Queiroz, nascido na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, em 1845, foi autor de contos e romances, entre eles “Os Maias”, que gerações de críticos e investigadores da área da literatura consideram o melhor romance realista português da história. século XIX.
A sua vasta obra inclui títulos como “O primo Basílio”, “A cidade e as montanhas”, “O crime do Padre Amaro”, “A relíquia”, “A ilustre casa de Ramires” e “A tragédia da Rua das Flores”. .