O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, considera que há uma “tentativa de aproveitamento político” no desacato que se seguiu à morte de Odair Moniz. “O aproveitamento político ou a instrumentalização política destas situações não ajuda a justiça a fazer o seu trabalho”, afirma, em entrevista à Antena 1.
“Não é incendiando isto ou aquilo” ou “insultando isto ou aquilo” que se faz justiça, sublinha. “Trata-se de respeitar o tempo da justiça” para que os factos possam ser “investigados com imparcialidade” e “analisados”, uma vez que têm o seu “enquadramento”.
“A justiça não se faz incendiando autocarros, a justiça não se faz insultando as pessoas, há uma investigação em curso, temos de esperar que a justiça seja feita”, afirma, referindo-se aos recentes desrespeitos em Lisboa. “Na minha opinião, deveríamos evitar ao máximo o uso político deste caso. É necessária uma palavra de moderação e bom senso.”
Aguiar-Branco afirma que “todos os cidadãos podem contar com um sistema democrático que tenha a sua separação de poderes e que esteja preparado para responder em democracia às situações que ocorram no quadro legal”. O presidente da RA volta a referir que são necessárias “moderação” e “situações inflamatórias”, reconhecendo que se trata de uma situação “emocional” em que “uma vítima deve ser lamentada”.
No entanto, o presidente da AR destaca que o momento da “leitura correta dos acontecimentos” é diferente do “momento emocional”. Na passada segunda-feira, Odair Moniz foi baleado por um agente da PSP, acabando por morrer. O funeral realizou-se este domingo. A situação provocou tumultos em Lisboa.